"Maior arquivo digital de arquitectura do mundo" lançado em Sacavém
Os monumentos portugueses vão passar a ter um novo "site" na Internet que disponibilizará "o maior arquivo digital de arquitectura do mundo", revelou hoje Margarida Alçada, directora do novo espaço, alojado em http://www.monumentos.pt/.
"A antiga página dispunha de três bases de dados, agora tem dez, nas quais se incluem 250 mil desenhos (plantas, desenhos técnicos, cartografia), 300 mil fotos e 10 milhões de outros documentos", afirmou a responsável.
Margarida Alçada falou à agência Lusa momentos antes do lançamento do "site", concebido pela Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), no Forte de Sacavém.
"Para erguer este portal digital foram necessários 15 anos de trabalho (a reunir e digitalizar documentos) e um investimento financeiro de quatro milhões de euros", afirmou ainda a responsável, acrescentando que "se os conteúdos fossem hoje vendidos, a um preço tabelado, valeriam cerca de 10 milhões de euros".
A página de Internet vai incluir a secção Carta de Risco, onde é possível obter informações sobre o estado de conservação dos imóveis, e uma Base de Dados da Paisagem, relativa ao território.
Rotas temáticas e uma biblioteca em linha, que permitirá aceder "online" aos catálogos das bibliotecas da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, são outros dos novos blocos temáticos disponíveis.
"A intenção é chegar a um público generalizado, que inclui investigadores e estudantes, mas também pessoas que procuram apenas informações turísticas", explicou Margarida Alçada, acrescentando que o "site" pode "levar o público a áreas inexploradas".
O site www.monumentos.pt, que une a informação arquitectónica à história da arte, a arqueologia ao turismo, vai desenvolver futuramente formas de chegar também ao público infantil e, dentro de um mês, mostrará estatísticas dos acessos, que rondavam, no anterior formato da página, os 70 mil por dia.
Em Janeiro passado, a propósito da pré-apresentação do projecto, Vasco Martins Costa, director-geral da DGEMN, declarou à Lusa que, com o novo "site", o público poderia fazer uma pesquisa mais alargada e obter respostas mais simples e exactas sobre o património.
"Um investigador que pretenda consultar a planta de um monumento, por exemplo, já não precisa de se deslocar a um arquivo e consultar uma folha de papel, pois pode aceder a essa informação pela Internet", destacou então.
Baseado nos dados do inventário existente (sobre mais de 23.000 imóveis nacionais, 4.000 deles classificados), o sistema, que recebeu um prémio de boas práticas da Administração Central, obedece a "um programa único no mundo de inter-operacionalização das suas bases de dados", revelou Vasco Martins Costa em Janeiro.
"Este sistema é capaz de gerir informação e de ser gerador de nova informação, permitindo interpretar, avaliar e gerir o estado de conservação, as necessidades específicas de intervenção e o valor patrimonial do património edificado", salientou à data o responsável.
Graças à progressiva digitalização da informação arquivada no Forte de Sacavém, todos os dados históricos e arquitectónicos sobre edifícios como o Palacete do Buçaco, o Teatro Nacional Dona Maria II ou a Sé Patriarcal de Lisboa estão agora "à distância de um clique".
Além de um imenso arquivo, o Forte de Sacavém acolhe laboratórios de tratamento do espólio - em papel e fotografia - e de digitalização dos dados, bem como espaços de investigação para historiadores e técnicos e de consulta para o público em geral.
Agência LUSA